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Histologia - o estudo dos tecidos

 

 

Como Surgem os Tecidos?

 

A célula é a unidade básica do ser vivo.

Poucos seres, porém, são formados por uma única célula.

A maioria dos seres é multicelular, o que significa que o seu corpo é formado por um aglomerado de células.

Na maioria dos seres multicelulares, existem grupos de células com formas e funções diferentes.

Isso ocorre porque nesses seres cada grupo de células é responsável por um determinado tipo de trabalho.

As células com a mesma função têm geralmente formas semelhantes, uma vez que a forma de uma célula está adaptada à função que ela exerce.

Estes grupos de células reunidas para executar um determinado trabalho são chamados de tecidos.

 

A Histologia é a parte da Biologia que estuda os tecidos.

 

 

Nos seres de reprodução sexuada todas as células surgem a partir de uma única célula, a célula-ovo. Esta célula sofre divisões e produz um grupo de células inicialmente muito semelhantes. Após um certo tempo, elas começam a se especializar para a execução das diversas funções e vão se tornando cada vez mais diferentes. Este processo é chamado diferenciação celular.

 

A diferenciação celular torna possível a histogênese ou formação dos tecidos.

 

O mecanismo de diferenciação celular ainda não foi completamente desvendado. Supõe-se que, apesar de todas as células de um indivíduo possuírem os mesmos genes, alguns estão em funcionamento em determinada célula enquanto outros se encontram inativos. Depois de diferenciadas, as células quando se reproduzem, só originam outras do mesmo tipo.

No início da formação do embrião existem grupos de células com potencialidades diferentes. Há uma fase em que o embrião animal é formado por apenas duas camadas de células: a externa e a interna.

A camada externa é chamada ectoderma e dá origem aos tecidos que revestem o corpo do embrião. Já a camada interna ou endoderma, dá origem ao revestimento do tubo digestivo e do aparelho respiratório. Posteriormente surge uma terceira camada, o mesoderma, que é responsável pela produção dos vários tecidos encontrados no interior do corpo do animal.

 

Nos animais um tecido não é formado apenas por células, mas também pelo material fabricado por elas. Este material é chamado de substância intercelular, às vezes funciona somente como ligação entre as células e às vezes desempenha um papel importante na função do tecido. Existe também um líquido que sai dos vasos sangüíneos levando ao tecido alimento, oxigênio e hormônios e removendo dele o gás carbônico e os resíduos do metabolismo, é o líquido intersticial ou intercelular.

 

Os tecidos animais diferem bastante dos tecidos vegetais. Essa diferença, como muitas outras, deve-se ao fato de os vegetais serem autotróficos, em oposição aos animais, que são heterotróficos.

Estudaremos primeiro os tecidos animais, dando ênfase aos vertebrados e, especialmente, aos seres humanos. Depois estudaremos os vegetais, especialmente as plantas com flores.

 

 

CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS

 

Tecidos animais

 

Ø        Tecidos epiteliais

 

Ø        Tecidos Conjuntivos

  • tecido conectivo

  • tecido adiposo

  • tecido cartilaginoso

  • tecido ósseo

  • sangue e tecido hemopoético

Ø        Tecidos Musculares

  • tecido muscular liso

  • tecido muscular estriado esquelético

  • tecido muscular estriado cardíaco

Ø        Tecido Nervoso

 

Tecidos vegetais

 

Ø        Tecidos Embrionários (meristemas)

 

Ø        Tecidos Permanentes

  • tecidos de proteção e arejamento – epiderme e súber

  • tecidos de sustentação – colênquima e esclerênquima

  • tecidos absorventes e condutores – xilema e floema

  • tecidos de síntese e armazenamento - parênquimas

  • tecidos de secreção – nectários, vasos lactíferos e resiníferos

 

HISTOLOGIA ANIMAL

 

O Tecido Epitelial: a cobertura protetora do corpo

 

Cobrindo o nosso corpo e forrando seus tubos e suas cavidades internas, encontramos um tecido, formado por células estreitamente unidas, denominado tecido epitelial ou simplesmente epitélio.

Entre as células desse tipo de tecido não há substância intercelular; apesar de possuírem terminações nervosas, esse tecido não tem vasos sangüíneos e sua nutrição é feita pelo tecido conjuntivo sobre o qual ele sempre repousa. Há dois tipos básicos de epitélio: de revestimento e glandular.

 

Epiderme, Mucosas e Serosas: O Tecido Epitelial de Revestimento.

 

A epiderme forma a camada externa da pele, o maior órgão do corpo.

Ela protege o organismo contra a entrada de agentes estranhos e contra seu desgaste pelo atrito.

É formada por grande número de camadas superpostas de células, sendo classificada como tecido epitelial estratificado.

As células superficiais possuem forma achatada (pavimentosas) e nos animais terrestres fabricam uma proteína impermeável, a queratina. Após acumular uma boa quantidade de queratina em seu citoplasma, estas células morrem, dando origem a uma camada impermeabilizante que evita a desidratação dos animais terrestres. Essa camada de queratina é também uma proteção eficiente contra o atrito, por isso ela é mais espessa na palma das mãos e na sola dos pés. Nas regiões do corpo submetidas a atritos constantes, a espessura da camada de queratina aumenta bastante, formando os calos. Os pêlos e as unhas também são feitos de queratina.

As células das camadas mais profundas da epiderme estão em constante divisão, substituindo as células superficiais que se desgastam. Nas camadas profundas da epiderme encontram-se os melanócitos, células que fabricam um pigmento denominado melanina, responsável pela cor da pele e dos pêlos e que protege contra o excesso de raios ultravioleta.

 

As impressões digitais são formadas por dobras da epiderme e do tecido conjuntivo subjacente; estas dobras, presentes também nas palmas das mãos e nas solas dos pés, são geneticamente determinadas durante o desenvolvimento embrionário. Certas doenças hereditárias, como a Síndrome de Dawn, alteram o padrão normal dessas dobras.

 

O epitélio que forra o interior das cavidades é bem diferente da epiderme, pois é constituído por uma única camada de células de formato cilíndrico e forma as mucosas.

A proteção contra o atrito é fornecida por uma substância viscosa, formada por glicoproteínas, denominada de muco. Este muco é produzido no estômago e intestino por células especiais (caliciformes). No aparelho respiratório o muco retém partículas de poeira e bactérias que serão ‘varridas’ para fora pelos cílios encontrados nas células cilíndricas deste tecido.

 

O epitélio que reveste os vasos sangüíneos e que forma as membranas que cobrem externamente os órgãos situados nas grandes cavidades do corpo constitui as serosas.

A pleura envolve os pulmões, o pericárdio reveste o coração e o peritônio reveste o estômago e o intestino.

 

As Glândulas: O Tecido Epitelial de Secreção

 

Algumas células do tecido epitelial, como as caliciformes, podem se especializar para produzir substâncias. Estas células ou grupos de células formam as glândulas.

Algumas glândulas apresentam um canal através do qual lançam suas secreções para o exterior do corpo ou para dentro de cavidades dos órgãos.

Estas glândulas são chamadas de exócrinas ou de secreção externa, ex: sudoríparas, sebáceas, lacrimais, salivares, mamárias.

Quando a glândula elimina sua secreção diretamente no sangue é chamada de endócrina ou de secreção interna. As substâncias produzidas por elas recebem o nome de hormônio. É o caso da hipófise, tireóide, supra-renais.

Algumas glândulas lançam suas secreções tanto no sangue como em cavidades abertas.

São as glândulas mistas, mesócrinas ou anfícrinas. É o caso do pâncreas, fígado, testículos e ovários.

 

 

O Tecido Conjuntivo: o trabalho de ligar e sustentar

 

As funções básicas desse tecido são ligar e sustentar os órgãos e demais tecidos, funcionando como uma armação para o corpo, dando-lhe a sua forma característica; preencher os espaços entre os órgãos; armazenar substâncias; participar da defesa, cicatrização e nutrição dos tecidos.

Essa capacidade de ligar e sustentar é fornecida pela grande quantidade de substância intercelular presente no tecido conjuntivo. Esta substância tem consistência variável, de acordo com as necessidades de sustentação de cada parte do corpo. Ela pode ser gelatinosa como no tecido conjuntivo frouxo, flexível como na cartilagem, ou dura como no osso. São originados do mesoderma.

 

O Tecido Conjuntivo Frouxo: O Acolchoamento do Corpo

 

É um tecido delicado e flexível espalhado por todo o corpo. Envolve os órgãos, preenche os espaços entre eles e liga um tecido a outro. No seu interior passam vasos sangüíneos que irão nutrir tecidos sem vascularização, como o tecido epitelial.

Sua substância intercelular é formada por uma parte gelatinosa (substância amorfa) onde se acham imersos fios de proteínas (fibras).

A substância amorfa é constituída de glicoproteínas e água. O principal glicídio é o ácido hialurônico. As fibras são de dois tipos: as colágenas e as elásticas. As fibras colágenas são formadas por uma proteína chamada colágeno (ao ser fervida produz uma cola) e são muito resistentes à tração. As fibras elásticas são constituídas por uma proteína chamada elastina e são capazes de voltar à posição normal após terem sido distendidas.

A substância intercelular do tecido conjuntivo frouxo é fabricada por células especializadas, os fibroblastos. Há também células indiferenciadas que são capazes de originar qualquer outra célula do tecido conjuntivo sempre que necessário; daí o grande poder de regeneração desse tecido.

O tecido conjuntivo que está embaixo do tecido epitelial funciona como uma segunda barreira contra os microorganismos invasores, pois apresentam células de defesa (macrófagos e plasmócitos), formadas a partir de glóbulos brancos que saem do sangue e invadem o tecido conjuntivo.

 

O Tecido Conjuntivo Denso: A Resistência a Tensões

 

É um tecido mais resistente encontrado na derme e nos tendões. Essa resistência maior é conseqüência de uma grande concentração de fibras.

Na derme (tecido conjuntivo situado sob a epiderme) as fibras estão dispostas de forma irregular, distribuindo-se nas mais variadas direções, o que explica a grande resistência da derme, observável no couro curtido. Nos tendões as fibras colágenas estão todas orientadas no sentido da contração muscular, o que lhe permite suportar a tensão imposta pelo músculo.

Os tecidos conjuntivos conectivos (frouxo e denso) são chamados de tecidos conjuntivos propriamente ditos (TCPD), em oposição aos tecidos conjuntivos mais especializados como a cartilagem, o osso e os tecidos adiposo e hemopoético.

O jogador Ronaldo, do Inter de Milão e da Seleção Brasileira, sofreu uma lesão no tendão que liga a rótula (patela) ao osso denominado tíbia, conforme figura adiante. O tendão patelar é formado por fibras colágenas orientadas.

 

 

O Tecido Adiposo

 

O acúmulo de células adiposas embaixo da pele forma o tecido adiposo, que funciona como uma reserva de alimento e como proteção contra o frio e traumatismos. Esse tecido também preenche os espaços entre os órgãos, evitando que se desloquem de sua posição normal. O excesso de tecido adiposo (obesidade) é prejudicial, pois aumenta o trabalho do coração.

 

 

A Cartilagem e o Osso: os tecidos duros do corpo e a sustentação

 

A cartilagem e o osso possuem, além das fibras, uma substância intercelular mais rígida que os tecidos conjuntivos propriamente ditos. Tal fato torna esses tecidos mais aptos a sustentar o peso e dar forma ao corpo.

 

A cartilagem possui uma substância intercelular de consistência dura e flexível. É formada por células cartilaginosas jovens (os condroblastos) que se transformam em células cartilaginosas adultas (os condrócitos). Não apresenta vasos sangüíneos. O tecido cartilaginoso divide-se em: hialino (nariz, traquéia, etc.), elástico (orelha, epiglote, etc.) ou fibroso (discos intervertebrais).

O crescimento da cartilagem adulta se dá por aposição (de fora para dentro), o crescimento intersticial (de dentro para fora) é observado apenas em cartilagens jovens.

Quase todo o esqueleto do embrião é formado inicialmente por tecido cartilaginoso. Ainda durante o desenvolvimento embrionário, a maior parte da cartilagem é substituída por um tecido preparado para sustentar o peso do corpo, o tecido ósseo. No adulto completamente desenvolvido, a cartilagem é encontrada apenas no pavilhão auditivo, nas vias respiratórias (nariz, traquéia, laringe e brônquios) e nas articulações, cobrindo a extremidade dos ossos.

 

Embora o esqueleto de alguns peixes primitivos como o tubarão e a arraia seja cartilaginoso, a maior parte dos vertebrados desenvolveu um tecido mais rígido e mais forte que a cartilagem, o tecido ósseo. Além de servir para a sustentação do corpo, o osso é importante também nos movimentos, servindo como ponto de apoio para os músculos e protegendo órgãos vitais como o sistema nervoso, o coração e os pulmões. Além disso, no interior de vários ossos há um tecido mole, a medula óssea, vulgarmente chamado tutano, que é responsável pela produção das células do sangue (tecido hemopoético).

 

O osso é bem mais duro que a cartilagem porque é constituído também por uma substância mineral, formada principalmente por fosfato e cálcio. No seu interior existem células vivas, os osteócitos. Através dos canais de Havers, as células recebem alimento e oxigênio.

A maior parte dos ossos forma-se a partir da cartilagem que, recebendo depósitos de fosfato e cálcio, origina um osso. Quando o indivíduo nasce, o modelo de cartilagem já foi quase totalmente substituído por tecido ósseo. Porém, próximo às extremidades dos ossos longos, persiste uma região cartilaginosa que permite que esses ossos cresçam em comprimento. Até o final da adolescência esta cartilagem é inteiramente substituída por osso e o indivíduo pára de crescer. O crescimento dos ossos em espessura ocorre a partir de novas camadas ósseas adicionadas ao periósteo.

Em caso de necessidade, células ósseas (osteoclastos) retiram minerais do osso, lançando-os na corrente sangüínea; assim, o osso funciona como um reservatório de minerais para o organismo.

 

 

O Tecido Hemopoético: produtor das células do sangue

 

Tanto as células que circulam no sangue como as que estão presentes na linfa são produzidas pelo tecido hemopoético. Além de produzir estas células, o tecido hemopoético realiza também a limpeza da linfa, removendo os corpos estranhos e destruindo as células que se tornam imprestáveis. Há dois tipos de tecido hemopoético: o tecido mielóide ou medula óssea e o tecido linfóide ou linfático.

O tecido mielóide é encontrado no interior dos ossos. Nos embriões, a maioria dos ossos possui uma medula ativa, de cor vermelha. Porém, à medida que o indivíduo cresce, a maior parte desta medula passa a acumular gordura, parando de trabalhar e transformando-se em medula amarela (tutano). No adulto, a medula vermelha é encontrada praticamente apenas nas costelas, nas vértebras, no esterno e nos ossos do crânio.

Todas as células do sangue são produzidas na medula óssea.

Algumas, porém, irão migrar para grupos de tecidos linfóides, formando importantes órgãos de defesa espalhados estrategicamente em nosso corpo (nódulos linfáticos, baço, timo, amídalas e adenóides).

As amídalas e as adenóides formam um aglomerado de tecido linfóide que intercepta os germes que entram pelas vias respiratórias e digestivas. Os germes que atravessam o tecido epitelial irão encontrar, no tecido conjuntivo frouxo e adiposo, massas de tecido linfático que formam os nódulos linfáticos. Os germes que atingirem a linfa ou o sangue terão de passar pelos gânglios linfáticos e pelo baço. Durante certas infecções sentimos inchaço e dor nos gânglios linfáticos do pescoço, axila ou virilha (íngua).

 

O Tecido Sangüíneo

 

O sangue é formado por uma parte líquida, o plasma, onde se acham mergulhados células e pedaços de células, que são os elementos figurados (hemácias (a), leucócitos (b) e plaquetas).

 

O plasma é a parte intersticial do sangue, rico em fibrinogênio, que pode passar a fibrina e provocar a coagulação sangüínea. O plasma sem fibrinogênio denomina-se soro.

 

Entre os elementos figurados, o que existe em maior quantidade são os glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos. O sangue do homem contém de 5 a 5,5 milhões de hemácias por mm­­3, e o da mulher de 4,5 a 5 milhões, em média. Em cada 100 ml de sangue há, em média, 14 a 17 mg de hemoglobina no homem e 12 a 16 mg na mulher. A hemácia tem a forma de um disco circular e bicôncavo, achatado no centro. Esta forma aumenta a superfície de contato da hemácia com os gases a serem transportados, tornando mais rápida sua absorção e eliminação (a hemácia dos mamíferos não possui núcleo, seu citoplasma está totalmente ocupado pela hemoglobina). Elas são formadas na medula óssea, duram cerca de 120 dias e são destruídas no fígado e no baço.

 

Os glóbulos brancos ou leucócitos defendem o organismo contra microorganismos causadores de doenças e contra qualquer partícula estranha que penetre em nosso organismo. Essa defesa é feita de várias maneiras. Os leucócitos podem ingerir o organismo estranho, destruindo-o através de enzimas digestivas (fagocitose). Podem também produzir proteínas especiais (anticorpos) que se combinam com as proteínas invasoras (antígenos), neutralizando seus efeitos. Podem produzir células especiais que se ligam às células invasoras e as destroem.

A fim de realizar a defesa do organismo, os leucócitos podem sair dos vasos capilares (diapedese), chegando ao local da infecção. O pus que se forma em ferimentos é um aglomerado de leucócitos, micróbios e células mortas. Nosso sangue possui de 5 a 10 mil leucócitos por mm3 de sangue, podendo aumentar durante uma infecção ou alergia (leucocitose). Quando esse número diminui denomina-se leucopenia.

 

São vários os tipos de leucócitos presentes no sangue:

  • Neutrófilos: encontrados em maior proporção, são os mais ativos na fagocitose, apresentando muitas enzimas digestivas;

  • Acidófilos ou eosinófilos: responsáveis pela fagocitose do conjunto formado pela união do anticorpo com o antígeno. Seu número aumenta durante as alergias e verminoses intestinais;

  • Basófilos: encontrados com menor freqüência, exercem a fagocitose, produzem heparina (anticoagulante) e histamina (vasodilatador);

  • Linfócitos: são os menores leucócitos, produzem anticorpos, surgem inicialmente na medula e depois de lançados no sangue podem seguir dois caminhos: alguns migram para o timo e daí dirigem-se para os demais órgãos linfáticos; outro grupo migra para os tecidos linfáticos situados no intestino e daí seguem para os órgãos linfáticos.

  • Monócitos: podem sair dos capilares e penetrar no tecido conjuntivo, nos órgãos linfáticos, no fígado ou outra parte do corpo, onde se transformam em macrófagos. Os macrófagos são maiores que os neutrófilos, podendo fagocitar células ou organismos maiores do que as bactérias, removendo células lesadas ou mortas e materiais estranhos.

 Cada ser vivo possui um grupo de proteínas diferente do de qualquer outro ser vivo. Quando uma bactéria ou um organismo estranho penetra em nosso corpo, suas proteínas são reconhecidas como proteínas estranhas ou antígenos, sendo então neutralizadas pelos anticorpos. Os anticorpos são moléculas específicas, isto é, para cada tipo de antígeno será formado um anticorpo específico.

 

Plaquetas ou trombócitos são fragmentos de citoplasma, desprovidos de núcleo e em forma de disco, presentes em nosso sangue. São formadas na medula óssea, têm a função de interromper ou prevenir hemorragias. Cada mm3 de sangue apresenta cerca de 200 a 400 mil plaquetas.

Diversos mecanismos trabalham em conjunto para impedir uma perda excessiva de sangue. Assim que um vaso sangüíneo se rompe, ele se contrai, diminuindo o fluxo de sangue no local da ferida. Quando as plaquetas entram em contato com a superfície lesada do vaso, elas se tornam ‘pegajosas’ e aderem ao local da lesão, formando um tampão ou trombo. Pouco depois esse tampão é reforçado por uma rede de proteínas que retém os glóbulos do sangue, formando um coágulo. Esse, por sua vez, termina por bloquear o vaso sangüíneo, interrompendo a hemorragia. Alguns minutos depois de formado, o coágulo se contrai, expelindo um líquido claro, chamado soro (plasma). A formação do coágulo envolve muitas substâncias ou fatores.

A protrombina e o fibrinogênio têm de ser constantemente produzidos pelo fígado, para esta produção é necessária a vitamina K ou anti-hemorrágica. É necessária também uma concentração mínima de íons-cálcio.

 

A linfa é o líquido circulante do sistema linfático. É constituída de plasma e linfócitos. Não contém hemácias nem plaquetas, por isso não coagula. O papel da linfa é a remoção das impurezas, a defesa do organismo, bem como o transporte de ácidos graxos e glicerol absorvidos no intestino.

 

 

O Tecido Muscular: responsável pelos movimentos do corpo

 

Quase a metade do peso de nosso corpo deve-se a um tecido formado por células altamente especializadas em se contrair, produzindo movimentos. Esse tecido também é originado do mesoderma. Esse tecido recebe o nome de tecido muscular, e as células que o constituem são chamadas fibras musculares, em virtude de sua forma alongada, que aumenta a eficiência das contrações. A contração muscular depende da presença de filamentos contráteis de proteínas, as miofibrilas. As células do tecido muscular perderam a capacidade de se reproduzir.

 

Nosso corpo apresenta três tipos de músculos: o músculo estriado esquelético, o músculo liso e o músculo estriado cardíaco.

Ø        Os músculos estriados esqueléticos ou voluntários se prendem aos ossos ou a outro músculo. Representam a maior massa do nosso corpo. São capazes de contrações fortes e rápidas que, geralmente, obedecem à nossa vontade. É através deles que reagimos aos estímulos do ambiente. São formados por células cilíndricas alongadas com vários núcleos.

Ø        Os músculos lisos ou involuntários encontram-se envolvendo a parede de órgãos ocos. São responsáveis pelas contrações que empurram os alimentos através do tubo digestivo (peristaltismo), que diminuem o calibre das artérias, que determinam os movimentos do útero durante o parto e que alteram o diâmetro dos bronquíolos, são encontrados também na raiz dos pêlos. Suas contrações são lentas, sucessivas e não obedecem à nossa vontade. Suas células são pequenas, fusiformes e com um só núcleo.

Ø        O músculo estriado cardíaco ou miocárdio forma o coração. Suas células apresentam estrias, seus movimentos são rápidos, ritmados e involuntários.

 

 

O Mecanismo da Contração Muscular

 

As miofibrilas são formadas por dois tipos de proteína, a actina e a miosina. A contração dos músculos é provocada pela contração de suas fibras devido ao encurtamento de centenas de miofibrilas contidas no citoplasma da célula muscular. Os íons-cálcio também são vitais no processo de contração muscular.

 

A Fadiga Muscular

 

Quando um músculo é estimulado de forma regular, mas não recebe taxa adequada de oxigênio, as contrações atingem certa amplitude e a seguir decrescem até que o músculo deixa de responder. Dizemos que o músculo entrou em fadiga. A partir desse momento, ele passa a utilizar energia de fermentação lática. Como o ácido lático é um produto tóxico, provoca dores musculares. Com o repouso, o músculo passa a receber suprimento adequado de oxigênio, voltando a contrair-se normalmente.

A dor muscular pode ser produzida também por contração súbita e involuntária de um ou mais músculos, mas de duração passageira. É o que se denomina câimbra.

 

 

O Tecido Nervoso: a coordenação e a resposta aos estímulos

 

Ao longo do processo evolutivo, os animais desenvolveram um tecido muito especial chamado tecido nervoso, que se origina do ectoderma. Esse tecido é capaz de receber estímulos do ambiente e do interior do próprio organismo do animal, bem como interpretar esses estímulos e comandar as respostas a eles.

Essas propriedades do tecido nervoso devem-se a uma célula altamente especializada, o neurônio, que sofreu o mais alto grau de diferenciação. Por isso, já não tem mais a capacidade de reprodução. É uma célula permanente, não-renovável, e com precária aptidão para se regenerar.

No tecido nervoso encontramos também as células da neuróglia com a função de nutrir e suportar a trama de neurônios que forma o tecido nervoso.

A maioria dos neurônios é constituída por uma região onde se concentram o citoplasma e o núcleo, chamada de corpo celular, que fica sempre no sistema nervoso central (encéfalo ou medula raquiana) e nos gânglios nervosos situados junto à medula raquiana. Dos corpos celulares saem várias ramificações, os dendritos. Há um prolongamento maior, o axônio, que pode atingir até um metro de comprimento.

Os nervos são formados por feixes de axônios envolvidos por tecido conjuntivo.

O axônio é recoberto por uma substância gordurosa de cor branca, a mielina.

Os neurônios estão separados entre si por uma região denominada de sinapse, a comunicação entre dois neurônios ou entre um neurônio e um órgão é feita por meio de substâncias especiais, os neurotransmissores ou neurormônios (adrenalina, serotonina, etc).

 

Muitas drogas químicas alteram os impulsos nervosos. O curare bloqueia a passagem do impulso nervoso para os músculos esqueléticos e respiratórios. Certos alcalóides do café e do chá (cafeína, etc.) facilitam a transmissão do impulso nervoso. Alguns anestésicos inibem essa transmissão.

 

 

 

HISTOLOGIA VEGETAL

 

A organização do corpo dos vegetais é bem diferente da organização do corpo dos animais. A maior parte dessas diferenças é uma adaptação ao modo autotrófico de vida. Somente os vegetais possuem tecidos especializados para a fotossíntese e para a condução da seiva retirada do ambiente. Essas diferenças são ainda maiores nos vegetais terrestres. Nessas plantas encontramos tecidos especializados para evitar a perda de água e para sustentar o corpo do vegetal contra a gravidade.

 

 

Os Meristemas: tecidos embrionários ou de formação

 

À medida que as células do embrião da planta se especializam, elas perdem gradativamente a capacidade de se dividir. Em algumas regiões da planta, porém, persistem grupos de células de estrutura simples, não diferenciadas, que conservam as características embrionárias. Esses grupos de células, chamados meristemas, encontram-se em constante divisão, promovendo o crescimento da planta e dando origem, por diferenciação, aos outros tecidos vegetais.

O tecido que constitui o embrião da planta e que é responsável por seu desenvolvimento, chama-se meristema primário, encontrado também nas gemas ou brotos. Durante o desenvolvimento do embrião, a maior parte desse meristema transforma-se em outros tipos de tecido, e uma parte menor fica restrita às extremidades da raiz e do caule, garantindo, assim, que o vegetal cresça no sentido do comprimento (crescimento longitudinal). O meristema dessa região apresenta três camadas que originam a epiderme, a casca e a medula da planta. Enquanto a planta cresce em comprimento, dizemos que ela possui estrutura primária.

Nas plantas lenhosas (árvores e arbustos) encontramos no interior do caule e da raiz outro meristema, o meristema secundário, que é responsável pelo crescimento da planta em espessura (crescimento transversal). Esse tipo de crescimento começa a ocorrer cerca de um ou dois anos após a germinação. O meristema secundário é encontrado na casca ou córtex e no câmbio (cilindro central dos caules e raízes).

 

 

OS TECIDOS PERMANENTES

 

Epiderme e Súber: os tecidos de revestimento, proteção e absorção

 

Todo o corpo dos vegetais superiores é revestido por uma camada protetora simples de células, a epiderme. Nas plantas terrestres, a epiderme das partes aéreas é coberta por um lipídio impermeável, a cutina, que evita a perda excessiva de água pela planta; pode haver também uma cera, impedindo a transpiração excessiva. Essas substâncias, porém, dificultam a passagem de CO2 e O2.

A entrada e a saída desses gases são garantidas por aberturas que existem na epiderme, os estômatos. Além de permitir as trocas de gases, facilitando a fotossíntese e a respiração, essas aberturas podem se fechar sempre que a perda de água ameaça a vida da planta.

Aparecem com freqüência na epiderme diversos tipos de pêlos que são prolongamentos das células da epiderme. É o caso dos pêlos da raiz, importantes na absorção da água do ambiente; e dos pêlos da urtiga, que contêm um líquido urticante que funciona como defesa. O aspecto aveludado de certas folhas e pétalas de flores é devido à presença de pequeninas projeções da epiderme, as papilas, que também impedem a transpiração excessiva. Os acúleos são projeções pontiagudas da epiderme. São encontrados nos caules das roseiras.

Nas regiões velhas de caules e raízes surge uma camada de tecido protetor, formado por células mortas e revestidas por uma substância impermeável, a suberina. É com esse tecido, chamado súber, que se fabrica a cortiça. As lenticelas são aberturas existentes no súber que permitem o arejamento da planta.

 

 

Parênquimas: os tecidos de síntese e armazenamento

 

O parênquima clorofiliano é o tecido responsável pela síntese da matéria orgânica do vegetal. Suas células, ricas em cloroplastos, realizam a fotossíntese e são encontradas nas partes aéreas dos vegetais, principalmente nas folhas.

Uma parte da matéria orgânica fabricada pela fotossíntese é armazenada no parênquima de reserva, para ser usada posteriormente pela planta ou pelo embrião. O parênquima de reserva é encontrado nas raízes (batata-doce, beterraba, cenoura, macaxeira, etc.); nos caules (batata inglesa, cana-de-açúcar, cará, etc.); e nas folhas, sementes e frutos.

Nas plantas do deserto, como as cactáceas, o parênquima pode armazenar água (parênquima aqüífero).

Em certas plantas aquáticas como a vitória-régia e o aguapé, as células desse tecido se arrumam de modo a formar grandes lacunas onde o ar se acumula, facilitando a flutuação, é o parênquima aerífero.

 

 

Colênquima e Esclerênquima: os tecidos de sustentação

 

Na periferia dos caules e das folhas, logo abaixo da epiderme, há um tecido formado por um agrupamento compacto de células com espessamentos de celulose na parede celular. Esse tecido de sustentação, o colênquima, é resistente e dotado de grande flexibilidade, permitindo o crescimento da planta. É encontrado em plantas jovens e em plantas herbáceas, de estrutura delicada.

Já nos caules das plantas lenhosas (troncos) encontramos um tecido mais duro, o esclerênquima, formado por células com paredes espessas, constituídas de celulose e de uma substância rígida e impermeável, a lignina. O esclerênquima forma o ‘cerne’ (parte mais central e dura dos troncos. A madeira).

Enquanto o colênquima é formado por células vivas, pois a celulose é permeável; o esclerênquima é formado por células mortas, já que a lignina impede a troca de gases e a absorção de alimentos.

 

 

Xilema e Floema: os tecidos condutores de seiva

 

A água e os sais minerais absorvidos pela raiz (seiva bruta, inorgânica ou mineral) são conduzidos para as folhas onde, pelo processo da fotossíntese, são transformados nas substâncias orgânicas que formam o corpo do vegetal (seiva elaborada ou orgânica).

 

A condução da seiva bruta até as folhas é feita por um conjunto de células alongadas que formam os vasos lenhosos da planta.

Nos vegetais mais simples, como as pteridófitas (samambaias) e gimnospermas (pinheiros), os vasos são formados por células mortas sem citoplasma e núcleo. Essas células formam os vasos fechados que apresentam regiões sem lignina, denominadas pontuações, que permitem a passagem da seiva de uma célula a outra do vaso.

Nas angiospermas as células se unem mais intimamente o que resulta no desaparecimento completo da parede de celulose entre as duas células. Forma-se assim um longo tubo chamado vaso aberto ou traquéia, por onde a seiva circula mais facilmente.

Esses vasos formam o tecido condutor da seiva bruta que é chamado de xilema ou lenho.

 

As substâncias orgânicas fabricadas pelas folhas (seiva elaborada ou orgânica) são levadas para toda a planta através dos vasos liberianos, formados por células vivas sem núcleo, com membranas de celulose mais espessas.

Na parede de contato entre duas células há pequenos furos ou crivos atravessados por pontes de citoplasma; daí a denominação de vasos crivados.

Esses vasos formam o tecido condutor da seiva elaborada que é chamado de floema ou líber.

 

O câmbio produz novos elementos do xilema e do floema à medida que a planta cresce em espessura.

Os vasos condutores de seiva formam um feixe contínuo de canais que vão da raiz às folhas.

A disposição dos vasos na raiz é diferente da disposição dos vasos no caule. Nas raízes, o xilema e o floema estão dispostos alternadamente em uma região central.

No caule das dicotiledôneas, os vasos estão ao redor da medula, o xilema situado mais internamente e o floema situado mais externamente.

Nas monocotiledôneas o xilema e o floema estão espalhados por todo o caule.

 

 

Os Tecidos Secretores

 

Diversos produtos finais do metabolismo das plantas ficam armazenados em células ou agrupamentos de células espalhados pelo vegetal. Embora esses produtos não atuem mais diretamente no metabolismo, eles ainda podem ser úteis à planta.

 

O néctar, uma substância doce e perfumada produzida nas flores serve para atrair os insetos e as aves responsáveis pelo transporte do grão do pólen, realizando a polinização e fecundação. Esta substância é produzida pelos nectários.

Outras substâncias são produzidas por pêlos glandulares ou secretores, como os da urtiga que fabricam um líquido cáustico; e os das plantas insetívoras que fabricam substâncias digestivas.

Alguns grupos de células formam bolsas oleíferas em cujo interior ficam acumuladas substâncias de natureza lipídica (caules, folhas e frutos).

Às vezes não é fácil determinar se um produto é ou não útil à planta, o que torna difícil classificá-lo como excreção ou secreção. É o caso do látex, substância leitosa que circula dentro dos vasos lactíferos (seringueira), e das resinas que circulam dentro dos vasos resiníferos (pinheiros).

Nas plantas de clima úmido, em que a saída de vapor de água pelos estômatos é difícil ou insuficiente, encontramos nas bordas das folhas pequenas aberturas, os hidatódios, que eliminam água na forma líquida. Esse fenômeno, chamado gutação, pode ser considerado como excreção, uma vez que o excesso de água não desempenha qualquer função na planta.

 

 

 

 

2003 Amara Maria Pedrosa Silva

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Atualizado em: segunda-feira, 08 de agosto de 2005